Dança Negra - Morë!!

Há noites More vinha tendo o mesmo sonho, uma inspiração, por assim dizer, onde a Dama-Negra dançava num bosque profundo e desconhecido. E ao acordar, More lutava contra o sono para recordar os passos, mas quanto mais tentava, mais rapidamente esquecia-se deles.
A sensação flertava com a frustração de não saber, e cada passo de dança depois disso era mais e mais desajeitado, tropeçava, trombava, derrubava...

Finalmente, More acorda num bosque profundo de céu totalmente negro. Então percebe que o céu não era negro. Ele simplesmente não existia, como se o bosque ficasse em algum lugar nos Reinos Abaixo.
E de várias direções, vários drows vinham caminhando, salteando, dançando, o mesmo paço da Dama-negra em seus sonhos.



Instintivamente tenta, e os pés obedecem, formando um compasso com os outros. A sensação era indescritível quando, do meio das árvores, uma drow diferente de todas as outras surge dançando, seus longos cabelos prateados ondulavam como nuvens ao seu redor, e o som de seus passos era intenso, como verdadeiros tambores, e ao seu comando, à sua visão, todos pareciam dançar uníssonos, compassados no mesmo tom, ao mesmo tempo.

Então, ela desaparece. Num piscar de olhos, ela estava lá, a canção de seus passos, o toque de seus pés, tornam-se silêncio. E os dançarinos se perdem, a harmonia desaparece, e torna-se cacofonia.
Então, um a um, começam a sumir. More começa a ficar agoniado.
Por toda parte, só havia silêncio. as folhas não farfalhavam, os pássaros não cantavam, o vento não assobiava...

E mais um drow desaparece bem ao seu lado.

*Suspirava e continha as lágrimas pela frustração*

- Não, de novo não, não quero ficar só...

* O drow só conseguia dizer isso, e voltava a tentar dançar, voltava a tentar unir-se a ela novamente, voltava a tentar fazer parte daquela família*

Uma trombada mais forte, e More se vê diante de uma drow, mais do que frustrada, furiosa.

ela repudia qualquer ajuda, e se levanta aos tropeços, tentava dançar, mas os volteios pareciam duros, os círculos saíam quadrados...

Então ela desaparece.

E mais um... e mais um... e outro...

Enfim, More estava sozinho, sob a tenebrosidade daquele bosque onde nem luz mais pairava. Mais silencioso do que nunca, mais frio do que nunca.

- Mãe ?

* O drow se levanta, para e relembra cada uma das sensações, pensa em Eliel, sem sua perna, ela nao poderia dançar, o que seria uma frustração, mas poderia cantar, poderia tocar, ela poderia sentir... o drow foca então ems entir....

E volta sua memória até sua mãe, quando o ele e Annariel eram crianças aprendendo os primeiros passos, engatinhavam e a viam dançar...

Ele insiste no início, insiste em simplesmente não desistir, se não fosse ali, seria outro momento, se não fosse sob a terra, seria sobre ela, suas lembranças, seu sentimento, tudo que precisava realmente estava em si...

Finalmente parecia compreender como a solidão de pares nunca foi real, por mais sozinho que estivesse

Continua, agora um pouco mais leve...*

Insistir nos passos, passos de nuvens, leves como nuvens, leves como as sombras, coo a própria Luz.

PAF

Outro tropeção, desta vez nos próprios pés.
Os joelhos doem do esforço... insistir... tropeçar... insistir... cair... insistir...

SLASH

Dor, um corte profundo no ombro.
Um brilho momentâneo, tão rápido quanto um piscar de olhos. Invisível a eles, mas ainda podia sentir a companhia...
Passos leves e suaves...

More dançava com um fantasma.

- A ultima vez que fui alvejado no escuro, foi por um primo que apenas queria minha ajuda, teria sido mais fácil, mas talvez nao tivesse o sucesso alcançado...

* O Druida estava totalmente vulnerável se fosse algum inimigo não adiantaria fazer qualquer coisa.

Olori insiste nos passos, sorria, estava, apesar de cansado e dolorido, um pouco mais em paz consigo mesmo*

Sensações aguçadas, costas com costas com um fantasma... duro... corpulento... Instintos, um curvar em saudação, sentindo a dureza do aço sobre a cabeça.

Algo passou muito perto de seu pescoço. A intenção não era a mesma. Não era ajuda que o fantasma buscava...

Era SANGUE!!

* O druida aproveita que andou por aquele local um bom tempo, compreendendo em parte sua geografia, teria que usar aquilo a seu favor agora,

Andava pelas pedras com cuidado, enquanto retirava com rapidez uma de suas heras, jogando-a no ar(Fogo das fadas) e buscando seu escudo e o cajado de sua aljava.

Apesar de achar que o fantasma sabia exatamente onde estava preferia não iluminar o ambiente ainda, mas apenas revelar onde ele estava.

Ainda sorria...*

O drow busca... mas nada encontrava além de si, e algumas roupas deixadas pelos desaparecidos. Camisas aqui, calças acolá, um pé de sapato ao lado das moitas...

A ferida ardia, frio...
O braço pinicava... pequeníssimas feridas pareciam se abrir, lineares...

*Agora sim Olori ilumina o ambiente com globos de luz e continua a se movimentar , a procura de quem o interpelava.

O druida olha a ferida por um momento, tentando entender o que estava acontecendo. *

Os globos de luz se espalham, transformando o bosque num aparente salão cercado de penumbras.

Além do corte no ombro (na escápula, mais precisamente), pequenos pontos vinham descendo pelo braço, em direção ao pulso.
E no meio dos pequenos pontos azulados, um miolo branco, as manchas eram como pequenas estrelas.

TUM

Um forte esbarrão, o fantasma mais uma vez às suas costas.

*Olori ignora o fantasma e para olhando as manchas... e mete o dedo no miolo branco*

Um borrão... pinturas, indo até os pulsos.

* O druida volta seu olhar a buscar o fantasma, enquanto continua dançando, mantendo-se em movimento.*

- Enquanto tua arte se faz em meu corpo, diz... o que quer?

" Donzela, o que quer? "

SLASH

Outro corte, transversal em suas costas. Este mais doído.
Mas More, agora, ouvia dois pares de pés dançando. Ainda havia penumbra no "salão-bosque", iluminado somente pelos globos de luz.

Pouco a pouco, os passos vêm à mente.
Outra fina, a espada invisível passa pairando diante do rosto. Não precisava vê-la. ela estava lá. podia senti-la.

"Era hora", More sabia bem, de transformar os "passos em palavras".

* O Drow arqueia, mas não para*

- Renego àquela que incute nos meus irmãos a dor e sorri frente suas mortes, que açoita seu ego, inflama seus ódios e escraviza suas vontades, renego à antes chamada Araushnee, e agora Lolth !

* as palavras eram leves como os passos, Olori buscava em seu íntimo cada dia mais controlar suas emoções, não olhar para trás, olhar para sua história poderia fazer com que não pudesse cuidar dos que vinham para esquecer seu passado, portanto, compreendia, que viver o presente, viver a possibilidade de construir algo importante para os que necessitavam de paz era maior que sua própria história, e que se o acaso e o destino quisessem, os segredos seriam revelados na hora certa, ou não...

No fim, ele buscava a sua paz e de seus companheiros. *

Costas com costas, o drow sente outra vez o fantasma às suas costas.
Então, de uma maneira marota, ouve as palavras:
- Vá passear, filho, o mundo é teu.

E levando uma bundada, More perde o equilíbrio, indo de cara no chão, acordando de um delicioso sonho em sua casa.
Aquele bosque... sabia onde ficava. Ao menos em instinto.
O corpo, ainda estava pintado para a dança.
E o ombro ainda doía.

* Uma lágrima cristalina percorre a pele escura, enquanto ele levanta em direção ao rio perto da gruta admirando as pinturas e tocando com o dedo a ferida.

Quando chega no leito d´água, busca em seu peito a tatuagem de Lolth, buscando perceber se aconteceu algo com ela, após o " sonho "*

- Obrigado...

A marca estava lá, as patas dianteiras cada vez mais estendidas na direção do coração, a marca do "fim" para muitos drow.
Mas ao contrário de antes, More sente algo diferente. Não a via com o mesmo peso. Parecia... apenas uma marca.

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Pra fechar:

O sonho lhe trouxe visões, de rostos a encontrar, e de passos a dançar.
Mas o mais importante, a intuição de um lugar onde poderia encontrar seus pares e, mais importante, Ela.

Era sua vez de peregrinar... como a menina, era ele que devia partir.