Estrada Sombria: Phillip!!

A decisão pode ter parecido impulsiva num primeiro momento. Tomar a estrada no meio da noite daquela forma, rumo a um caminho incerto.
Gimli tentou, mas desistiu de tentar impedi-lo. Juntos entendiam melhor do que ninguém o pesadelo daqueles dias, e a necessidade de levar o alerta e as recomendações aos tais Andarilhos do Destino, que conduziam uma campanha pelas montanhas inteiramente baseada numa mentira criada por um lich disfarçado de "Cleriga de Lathander".

Alguns pontos permaneciam sem resposta, como por exemplo:
1- Há quanto tempo o impostor estava infiltrado no clero?
2- Seria responsável pelo enfraquecimento sistemático que possibilitou que as hordas goblinoides tomassem de assalto a cidade?
3- Teria alcançado agentes da Corte e posto sob suas ordens?
4- Quantos dos desaparecimentos seriam responsabilidade sua?

E por fim, quando juntou-se a Lucious para enfrentar a falsa cleriga, descobriu duas pistas importantes: o amuleto de sua família, e o pingente disfarçado de falso símbolo de lathander, que para sua surpresa não era outro do que o de uma força perversa, cuja influência era até então desconhecida nas Terras Centrais.
O Símbolo Sagrado dos sacerdotes de Tiamat.
Talvez esta seja a descoberta mais importante de todas até agora. Mas a quem confiar esta informação,  se haviam agentes infiltrados entres as altas autoridades?

Antes de partir, foi procurado uma vez mais por Gimli, que parecia exausto. O esforço de resistir à possessão de um lich era enorme, e ter sucesso nisso era para poucos.

Ele lhe entrega uma carta de recomendação, a ser entregue aos líderes dos Andarilhos do Destino, Gurag ou Giusepe. E na falta deles, apenas a Barduk.

Juntamente, ele entrega um mapa comercial. Um caminho em construção considerado "seguro e vigiado" por guardas do Reino e homens das montanhas.

Ao menos, por um bom pedaço do caminho, você não teria problemas.
Ele também conseguiu alguns homens para acompanhá - lo nesta parte do caminho, antecipando uma remessa de grãos e alimentos para uma região assolada por conflitos, e em extrema necessidade de cuidados.
Alguns neste comboio são guardas de confiança, designados para assegurar uma viagem tranquila Até o Forte Alastor, lar de um homem rico num lugar improvável, patrocinador de parte da nova estrada.

Mas antes de se despedirem, ele faz a pergunta que você esperava evitar:
"Há alguma coisa que você queira me contar? Algo que eu deva saber antes de nossos olhos se separarem?"

Edgar chirriava em protesto, inconformado com o que via como uma humilhação. Philip havia julgado que a aparência do, até então, corvo, poderia ser visto como sinal de mau augúrio. O ritual não levara mais que alguns minutos, e o familiar agora se manifestava na forma de uma coruja branca com manchar de um cinza escuro, e visivelmente contrariada. O meio elfo julgara que aquela forma lhe daria um ar de sabedoria, o que talvez ajudasse ao ser o mensageiro de noticias que talvez não fossem muito bem recebidas.


Observava os últimos preparativos do comboio que seguiria com ele ao encontro da tal companhia, dando breves conferidas no mapa que o anão acabara de lhe dar. Se tudo desse certo, seria uma viagem tranquila, o que lhe daria tempo mais que suficiente para estudar os tomos que comprara com algumas das economias que tinha guardado. Havia caído na dolorosa descoberta que as forças que o guiavam talvez não fossem o bastante, e prometido para sí próprio que não seria mais pego desprevenido por aquelas que desconhecia.
 
Philip se vira para o anão, pronto para se despedir, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Gimli lhe jogara uma pergunta que talvez tivesse mais respostas do que ele imaginava. Mas tinha certeza de que sabia a que o anão, agora de aspecto cansado, desejava. Ponderou por alguns segundos antes de um sorriso desdenhoso se formasse em seus lábios. Um sorriso de quem tinha certeza que não varia outro homem cedo o suficiente para sofrer as consequências de sua resposta.
 
-Acredito que não me apresentei devidamente... O nome é Philip Curwen... – Fez uma pausa antes de completar – Ward. Acredito estar familiarizado com meu tio, Howard. – Tirou o pingente encontrado no quarto e o ergueu à altura dos olhos – Ou talvez alguém que tenha enganado nós dois.
 
Deu de ombros, ainda não tinha certeza da conexão que sua família teria com a filacteria do Lich, ou com Tiamat, Cyric ou qual outro culto estaria ligado aos eventos. Mas estava disposto a sair às pressas no meio da noite para conseguir as respostas. Passou o pingente pelo pescoço de Edgar, que mais uma vez chirriou em protesto antes de olhar intrigado para seu novo enfeite.
 
-Algo mais que deseja saber?

O anão sorri e passa a mão no seu rosto. E mesmo que seja um carinho leve, a mão calejada soa incômoda.
Ele diz:
- Vocês são bem diferentes, meu rapaz. Howard pode parecer obscuro, mas tem suas virtudes. Mas só cabe a você escolher em quem confiar. Você me mostrou que é bom nisso.

Ele dá dois tapinhas no seu rosto e diz:
- Agora vá. Antes que o comboio te deixe pra trás. E guarde bem a carta. Não vá entrega-la awpessoa errada.

O gesto do anão o pegara desprevenido e, por mais que não tenha esboçado reação maior que o levantar de uma sobrancelha, a coruja agitou as penas, claramente incomodada. Ele não tinha certeza se o anão estava caçoando dele, ou se era um gesto genuinamente afetuoso, afinal, todo o estresse causado por um lich talvez fosse o tipo de experiencia que gerasse alguns laços. Mas empurrou os pensamentos para o canto da mente e colocou a mão sobre o ombro de Gimli.
 
-Espero continuar escolhendo certo então! Caso contrario, será uma viagem mais curta do que eu gostaria... – Colocou a mão sobre o bolso que guardava a carta – Gurag, Giusepe ou Barduk, não vou me esquecer. Enfim, até a próxima, mestre anão... Acredito que voltaremos a nos ver!
 
Edgar se agitou mais uma vez em seu ombro e fixou o olhar no anão, aproveitando sua nova habilidade para girar a cabeça completamente e continuar observando quando Philip se virou de costas. A coruja estalou o bico e voltou o olhar na direção que seu mestre seguia, rumo ao comboio.

Adiantando:

A partida escusa no meio da noite chama alguma atenção no portão Norte da cidade, mas nada a que uma cidade do porte de Arabel já não estivesse acostumada.
Você se junta a uma sequência de 5 carroças, duas delas bem pesadas e cheias de mantimentos. Cada uma vinha guiada por um carroceiro e um ajudante, mas não era difícil perceber que os "ajudantes" eram na verdade guardas disfarçados, a proteção providenciada por Gimli para a viagem.

O comboio parte sem mais demora, e Phillip tem a chance de instalar-se numa das carroças, coo um dos "ajudantes", ou se preferir, um cavalo pode lhe ser arrumado de última hora.

Fosse qual fosse sua escolha, a partida era imediata.

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A primeira parada, uma cidade de muitas construções mescladas às bordas da Floresta do Rei. Poucas construções em pedra eram rodeadas por muitas em madeira, grandes casarões cercadas de barracas e casas menores.

A cidade era praticamente um ponto comercial, com as casas de pedra sendo mansões de nobres mercadores, e seus arredores eram lojas e oficinas, entremeadas por pequenas casas de madeira num estilo rústico.

A viagem apressada demorou apenas algumas horas pela estrada, e chegaram pela manhã. sendo recebidos pelos primeiros raios de Sol.

Você acordou com os pios de Edgar, anunciando o amanhecer.

Philip se aconchegou em uma carroça e acendeu uma vela, se debruçando sobre os tomos recém adquiridos noite adentro. Apenas percebeu que o sono o vencera quando despertou com os pios mau humorados de Edgar. Procurou o corvo por alguns instantes antes de olhar para cima e ver a coruja empoleirada sobre uma caixa de grãos.

-Ok, admito... Vai demorar pra eu me acostumar com você assim...
 
O meio elfo se espreguiçou e desgrudou a cera derretida do chão da carruagem. Seu corpo estava dolorido pela posição incomoda em que adormecera e aproveitou que estavam parados para se esticar um pouco. Olhou em volta, o cenário tranquilo. Parecia distante da experiencia psicodélica, e por um instante se permitiu relaxar. A ave pousou em seu ombro, imitando seu mestre e observando os arredores. Caminhou pelo comboio, não querendo se afastar muito até encontrar um dos homens de Gimli.

-Bom dia! – Disse quase em meio ã um bocejo – Quanto tempos vamos ficar aqui?

Um dos carroções era descarregado, e ao mesmo tempo que dois dos mercadores o descarregava, de um barracão, outros homens traziam outros sacos e caixas.

Um velho feitor, acompanhado de seu "ajudante", que estava alerta a todo o movimento, o saúda:
- Bom dia, meu rapaz. Aproveite o tempo para comer. Não devemos demorar, se for sua vontade. Pois estamos em tempos de chuvas nas montanhas, então temos de ganhar todo o tempo possível. Mais uns dois dias, neste ritmo, e chegaremos ao Forte Alastor, encravado em Gauntlgryn.


Alguém tromba rudemente com você. Um dos carregadores, um homem troncudo, alto e moreno. Nem todos ali eram "ajudantes", e não entendiam a "sua utilidade" no comboio. Alguém que até agora só dormiu e conversou.

Philip olhou para o céu, não parecia tempo de chuva, mas não havia motivos para duvidar do “ajudante”. Talvez aproveitasse mesmo para comer, não se lembra de ter comido nada consistente desde o incidente no quarto e agora parecia ter algum tempo para descansar.
 
O esbarrão o pegara desprevenido e por pouco não perdeu o equilíbrio. Olhou enfurecido para o homem que se afastava. Cerrou os olhos e precisou de certo esforço para não enviar uma mensagem direto na mente do ajudante, ou retribuir com algum feitiço. Não seria sensato gerar intrigas tão cedo, então apensar resmungou.
 
-Bom, melhor mantermos o ritmo então... Quanto antes chegarmos melhor. Com sorte não seremos pegos desprevenidos por algum imprevisto... Em todo caso, farei meu desjejum , se precisar de mim, grite!
 
Se virou, mas seguiu o homem que esbarrara nele com um olhar predatório. Edgar se agitou e estalou o bico, irritado. Então se encaminhou para um lugar tranquilo, longe dos demais para arrumar algo para comer.

De pronto, encontra uma pousada que oferecia ainda "serviços de banho e esfregação"... o que quer que fosse.

Mas percebe muita gente abastada ao redor do lugar, poucos mercadores e nenhum servente.
Talvez o preço dos serviços fosse bastante "seletivo".

Outra possibilidade era uma choupana um pouco afastada, esta sim cheia de falatório e alguma música, mas frequentada por muita gente.
Talvez preços "menos seletivos", ou um serviço mais pronto, para aqueles que anseavam pela estrada.

Outra trombada, desta vez de um enorme meio-orc.
Primeiro se assustou, mas em seguida, quando ele se virou, apesar de algumas cicatrizes no rosto... ele usava óculos, e diz, com uma voz bem polida:
- Oh! Mil perdões, cidadão. Eu te machuquei?? Aqui, deixe-me ajudá-lo.


Estava escorado numa carroça, pego de surpresa pelo tranco, quando ele o ajuda a se aprumar.
Havia algo incomum em suas vestes.

Philip se pegou olhando tempo demais para o estabelecimento mais seleto e deu um suspiro. Nos tempos áureos da família Ward, e isso já havia sido algumas gerações atrás, quando a mansão ainda não era uma carcaça em decomposição, ele talvez frequentasse aquele lugar sem pestanejar. Agora, mal passava de um mendigo boêmio com pedigree, e deveria se contentar com o estabelecimento mais simples.
 
Estava distraído demais para ouvir o pio de aviso de Edgar antes da mais uma vez levar um esbarrão. Já levemente mau humorado, o meio elfo procurou quem havia trombado nele, dando de cara com um enorme e, excêntrico, meio orc. Ergueu uma sobrancelha confuso, tanto com a polidez, quanto com os trajes do homem.
 
-Tudo bem, não foi nada, eu estava mesmo distraído... Estou bem, obrigado.
 
Tentou disfarçar a secura nas palavras, resultante do humor agora alterado. Talvez tivesse sido realmente um acidente. De qualquer forma, fez que ajeitou a roupa, discretamente verificando se nada essencial havia sumido. Em uma cidade no meio de uma rota comercial, não seria de se espantar que haveriam batedores de carteira e outros tipos de larápios.
 
Observou o outro meio humano por alguns instantes, respirou fundo e se ajeitou mais uma vez dentro do casaco. Tinha certeza de que já vira vestimentas daquelas antes, talvez não em um meio orc. Talvez fosse membro, ou guarda de alguma das outras caravanas.
 
-Vem de Calimshan?

O meio orc se tateia e olha pra si, então ri e diz:
- Hahaha! Não. Um erro comum, até. Eu venho de longe, sim, mas minhas vestes são uma mistura. 


Ele abaixa para "sussurrar":
- Eu sou um mago, e estou viajando a negócios por estas terras. Conhece algum bom alquimista por aqui?

Philip ficara um pouco mais calmo com a risada do meio orc, ainda não julgava seguro baixar a guarda, mas deixou escapar um sorriso discreto no canto do lábio. Tentou, em vão desvendar de onde vinha cada peça de roupa do homem, mas a impressão de serem vestes Calishitas já estava impregnada em sua mente.
 
-E de onde vem, se me permite perguntar?
 
O orc se aproximou para discretamente lhe dizer que era um estudante das artes arcanas. O olhar de Philip mais uma vez percorreu as vestes do homem, antes de travarem em seu rosto. Meio orcs dificilmente tinham paciência para estudar artes complexas. Muita selvageria no sangue, dizem. Mas já havia ouvido falar em um ou outro. Coçou o queixo e deu de ombros.
 
-Estou apenas de passagem, amigo... Conheço um truque ou outro de magia, mas desconheço esta vila, talvez tenha mais sorte perguntando para um dos guardas, na taverna, ou até para alguma das caravanas. Estava à caminho da taverna, caso queira tentar por lá.

Ele ri, dizendo:
- Ah, um aprendiz da Arte, então. Eu me chamo Oorg, eu acho. Bem, pelo menos desde que me lembre. Mas vamos. Você parece cansado. Te pago uma boa refeição enquanto me fala dos seus truques.


De maneira espalhafatosa, ele passa um dos fortes braços nos seus ombros, encaminhando-se para a taverna mais movimentada (e mal frequentada).

Ao longe, o feitor da comitiva gesticula um impaciente "não demore".
Eram tantas pessoas indo e vindo que era muito fácil de se perder ali.

Diante da taverna, você duvidava se conseguiria sequer entrar. Pois havia tanta gente ali que haviam até uns comendo em pé.
O meuio-orc tira os óculos, colocando num pequeno estojinho e guardando no bolso interno da túnica, dizendo:
- Sabe como é. Eles são caros. Mas venha. Acho que vi um bom lugar deste lado.


Ele entra passando pela multidão, empurrando uns, esbarrando em outros, e mesmo com olhares indignados, e seus pedidos de desculpas, bastava olhá-lo passando que muitos já abriam espaço.
Talvez, como você, a fama de selvageria da raça o precedesse.

E antes que percebesse, já estava numa ponta de um balcão encardido. E com dois estalares de dedos, um velho atendente prontamente coloca diante da cada um um prato fundo tipo cuia com carne ensopada e um pedaço de pão boiando, acompanhado de um caneco (sujo) de cerveja aguada até a borda.

Finalmente ele diz:
- Conte-me sua história, rapaz. Como conheceu a Arte? Teve algum professor?


Quando o vê comendo a mente quase tem um choque. Apesar do prato mal servido, ele tira de outro bolso um par de talheres, comendo com toda "frescura" a que um nobre teria direito.
Tira ainda de uma das mangas um pano que coloca na gola, fazendo de guarda-napo.

-Eu diria muito mais um entusiasta, do que um aprendiz! – responde de imediato, mas na duvida de que o meio orc sequer ouvira. – Pode me chamar de Phil. E não se incomode, eu pago minha própria refeição, até por que não posso me demorar!
 
Philip não tinha certeza se teria alguma escapatória e se deixou levar por Oorg até a taverna. Tenta gesticular de volta ao feitor de que seria rápido, mas não sabia se havia sido bem sucedido em meio a muvuca. Ainda que logo viu a vantagem de estar acompanhado por um meio orc, quando mal encontraram resistência ao entrar na taverna. Não apensa isso, mas a comida, provavelmente a única disponível, fora prontamente servida.
 
Philip olhou para o pão boiando no ensopado de carne e tentou se lembrar da vez que comera algo tão consistente, principalmente no café da manhã. Tentou não deixar que os pensamentos o distraíssem, pois não queria perder muito tempo naquele vilarejo. Puxou o prato para perto e, apesar de preferir vinho, tomou um gole da cerveja. Parou apenas para observar a pompa com a qual o meio orc se ajeitava para comer. Ficou um pouco chocado com a cena e deveras intrigado com a história daquele homem. Molhou o pão no ensopado e abocanhou.
 
-Como eu disse, o termo entusiasta seria mais adequado... Apesar de que estou tentando mudar isso, adquiri um grimório esses dias, com alguma sorte consigo sair dos truques mais básicos! – Estala os dedos, formando pequenas e discretas faíscas coloridas – Ou talvez conjurar algo além de uma coruja mal-humorada... – Nesse momento Edgar estala o bico, irritado – Mas nenhum professor realmente, aprendi algo aqui e ali, mais para impressionar as donzelas, admito... E você, o que o levou às artes arcanas?
 
Estava curioso, mas ainda não o suficiente para confiar no meio orc, ou dar qualquer detalhe relevante. Esperava apenas que Oorg terminasse sua história antes que ele terminasse o ensopado, não pretendia se demorar em uma cidade tão movimentada, onde qualquer sombra pudesse ocultar o perigo.

Perguntado de sua própria história, ele diz:
- Aprendi a Arte pra me defender de meus antigos, por assim dizer, Donos. Sabe, cresci em jaulas e sendo jogado em rinhas pra divertimento dos outros. Mas pra falar a verdade, sempre gostei muito de ler. Fiquei prisioneiro junto de um meio-elfo que escondia algumas habilidades mágicas pra não ser descartado. Nosso dono não gostava de conjuradores. Ele decepava-lhes as mãos e os entregava aos leões.


Havia muita tristeza em sua fala, e então ele termina:
- Jirand, este meio-elfo, me ensinou alguns truques, além de me ensinar a ler. E pouco antes dele ser morto nas arenas, me revelou onde escondia seu livro de magias, e quando ele não voltou naquele dia, eu tratei de recuperá-lo e aprender tudo que podia. Usei alguns truques, por assim dizer, para destrancar certas portas durante a noite. E quando amanheceu, me escondi no armorial junto com outros. E quando os capatazes encontraram as portas destrancadas e não nos acharam, saíram abrindo todas as portas que faltavam, e foi só segui-los para a liberdade.


Se era verdade ou não, você não sabia dizer. Mas havia muita astúcia em sua narrativa. Um tipo, no mínimo, peculiar.

Numa das vezes que ele levou a ponta do guarda-napo à boca, você percebeu uma estranha tatuagem no pulso, um tipo de inscrição. Era discreta, ao mesmo tempo que lhe causou um certo calafrio.

Philip ouviu atentamente o conto de Oorg. Se fosse real, era uma história realmente sofrida, mas explicava o porte físico e as cicatrizes. Ainda assim, algo parecia cutucar a paranoia do meio elfo. Talvez fosse a eloquência destoante do meio orc, talvez apenas sua imaginação. Independente, preferia acreditar na própria imaginação até ter certeza de que estava salvo.
 
-A Jinrad então! – disse erguendo a caneca de cerveja e dando uma golada – É... É uma história e tanto, mas ainda bem que conseguiu escapar, não? Mas, me diga, por que está atrás de um alquimista?
 
Molhou e abocanhou mais um pedaço de pão, antes de dividir com a coruja. Talvez fosse a fome, o excesso de gordura da carne de má qualidade, mas o ensopado estava realmente muito bom. Olhava para o meio orc de soslaio quando este fazia uso do guardanapo. A tatuagem lhe chamara a atenção. Se perguntou se já vira aquela inscrição antes. Se voltou para seu prato e praticamente mergulhou no ensopado. Algo lhe embrulhando o estomago, e não era o caldo rançoso. Se voltou para a própria mente, tentando achar o que havia de errado.
 

Código:

Rolando teste de história e/ou arcanismo (+5 ambos) pra identificar a origem da inscrição tatuagem

O membro 'Philip C. Ward' realizou a seguinte ação: /roll

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#1 'd20' : 6

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#2 'd20' : 13

História: Todo escravo é marcado por seu dono. Normalmente num lugar difícil de esconder ou remover sem causar sequelas. Poderia ser o caso.

Arcanismo:  As "marcas de seu dono", você pensava, quando a informação acertou-lhe na testa. Só conhecia um tipo de escravista que escolheria a dedo um servo não só pelo porte, mas pelo conjunto de suas qualidades. Assim, marca-lo seria mais que para exibir sua posse. Seria uma questão de Status para o próprio escravo entre seus iguais. E mesmo foragido, a marca sempre representaria o perigo de apoia-lo, pois isto seria comprar a inimizade de seu "dono".
Não era apenas uma marca o que seus olhos viram ali, mas uma inscrição mágica.
E a grafia Mulhorandi era inconfundível. Apesar de não conhecer o idioma, qualquer mago com alguma informação reconheceria aquele padrão,  tão característico... dos Magos Vermelhos de Thay.

Engasca ao se dar conta com o que estava lidando.
Edgar se agita.

Foi como um baque, que resultou em Edgar piando alto e batendo asas, que lhe ocorreu. Aquele meio orc não havia sido um escravo qualquer, era posse de Thay, e por mais que ele acreditasse que havia escapado, duvidava que seus antigos mestres achassem o mesmo. Philip deu uma risada discreta para si próprio antes de tomar uma longa golada, direto do prato, do ensopado. Sabia bem da situação na qual se encontrava, mas ainda conseguia e ironia de dois prisioneiros compartilhando comida. Cada um com seu grilhão.
 
-Mas então, por que precisa de um alquimista? – disse limpando a boca com a manga – Este vilarejo é um entreposto comercial, pelo q percebi... Não tenho certeza quanto à alquimistas, mas na próxima cidade, Arabel, talvez seja mais provável que encontre!
 
Tentou pescar um pedaço flutuante de carne do ensopado com a colher, antes de desistir e usar os dedos. As dúvidas sobre a veracidade da historia do orc, e a paranoia envolvendo a filacteria e o culto de Cyric começavam a traçar uma rota até Thay. A coruja se agitou. Precisava terminar de comer e partir o mais rápido possível.

Ele diz, levando a mão ao queixo:
- Humm! Eu encontrei em minhas andanças algumas poções que queria barganhar. Será que você se interessaria?

Ele abre o sobretudo, mostrando alguns bolsos com frascos alocados.

Eram:
* Um frasco de líquido azul brilhante;
* Um frasco de líquido vermelho translúcido;
* Um frasco leitoso (não dava para ver o conteúdo);
* Um frasco com algo amarelado (lembrava cerveja choca);

Philip olha bem para as poções. Coçou o queixo. Olhou um pouco mais atentamente cada uma.
 
-E você poderia me dizer o que cada uma delas faz? – perguntou intrigado
 
Pegou um outro pedaço do que esperava ser carne boiando com os dedos levou à boca

O meio-orc ri:
- Desculpe o descuido. (ele aponta uma a uma).

Eram:
* Um frasco de líquido azul brilhante;
- Saltar
* Um frasco de líquido vermelho translúcido;
- Elixir de Cura (Unearthed Arcana)
* Um frasco leitoso (não dava para ver o conteúdo);
- Curar Ferimentos (3o círculo)
* Um frasco com algo amarelado (lembrava cerveja choca);
- Poção Paralisante (deve ser bebida)

Ouviu o que cada uma das poções fazia. Pegou o prato com as duas mãos e praticamente virou o resto do ensopado e comendo os pedaços sólidos com os dedos, lambendo-os em seguida. Olhou mais uma vez para as poções e levou as mãos ao próprio casaco. Sentiu apenas a presença de um único frasco, transparente e com o que parecia ser um liquido enevoado cinza escuro. O conteúdo, porem não era bebível, e muito menos liquido. Seu dinheiro estava espalhado, em bolsos diversos aleatoriamente costurados na parte de dentro. Tinha uma noção do valor que carregava, mas a quantia exata o escapava agora. Seu olhar caiu sobre as poções de cura, que poderiam ser bem úteis, se pego de surpresa como no beco. Mas esperava não precisar delas. A de paralização, por outro lado. Tinha um valor estratégico mais interessante.
 
-Quando pela cerveja choca? – disse apontando para a poção amarelada

pegou algumas moedas do bolso mais vazio. A mesma quantia que ouvira o taverneiro cobrar pelo mesmo prato e colocou ao lado do recipiente vazio.

O meio-orc diz, espalhafatoso, tirando a poção e colocando sobre a mesa:
- Ela pode custar 1.000 peças de ouro. Ou pode te custar apenas 50. Tudo vai depender da sua resposta a um simples enigma. Espero que goste de charadas.