Libertando Boven - Talluryen!!

O velho usava um medalhão prateado com o mesmo símbolo que o rapaz de cabelos negros trazia numa adaga em sua cintura: Uma estrela de 7 pontas com um olho no centro.

Nyx para com ar irritado ao lado da velha e diz:
- Diabos, Uriath. Não me acostumo com isso.

O rapaz fala num tom distraído:
- Ela vive. Mas a loucura de perder o corpo também. Vai demorar a ser ela mesma.

O velho para ao lado do rapaz, trazendo o jarro com o cérebro. Aquilo ainda a enojava... e assustava.

O rapaz estende a mão a você, dizendo:
- Meu nome é Uriath. E você salvou muitas vidas aqui hoje. Obrigado!

Dois guardas cormyrianos entram às pressas na casa.

Talluryen fica olhando para a mão de Uriath por um tempo, parecia estar assimilando tudo o que havia acontecido. Achava que eles eram inimigos, até então. Ela levanta e aperta a mão de Uriath, ainda um pouco desconfiada.

- Sou Talluryen Meliadil... Gostaria de ter ajudado mais... - Ela olha meio torto para o jarro com o que havia sobrado do guarda. Talluryen sabia que tirar vidas era algo normal em combate, mas matanças e torturas desnecessárias lhe incomodava. - E aquele... Ser de gosma lá fora?

O rapaz tinha um aperto de mão suave, ainda que firme por um breve instante.
Ele diz:
- Um extra-planar especializado nas mais hediondas torturas. Acredite, será melhor não entrar em detalhes.


Nyx se junta a vocês no corredor, bem a tempo de encontrar os dois guardas e dizer:
- Acalmem-se, seus afobados. Se fosse pra morrer já estaríamos todos mortos. Que bom que estávam em seus postos. Depois conversaremos sobre isto.


Casualmente ele aponta a garota desmaiada, e os dois guardas a erguem, tirando suas armas.
Era impressionante a quantidade de compartimentos, virotes e frascos que traia na túnica.

O velho diz, segurando o jarro:
- Este aqui terá uma bela história para contar. Senhor Nyx, se for de seu interesse...


Nyx: Prefiro não saber detalhes. Sei que estes dois estão até o pescoço envolvidos na morte dos lordes locais. É tudo que preciso deles. Pra quem trabalham, e se ainda têm algum negócio na vila.


O velho responde com um aceno de cabeça obediente, mas seu olhar era sinistro, e Talluryen engole seco ao cruzar com seus olhos.

Nyx: E reforcem esta porta. Quero a megera ali a ferros. NINGUÉM entra ou sai se não estivermos juntos EU e Talluryen aqui. Acho que a esta altura é melhor confiar em UM infiltrador do que em DOIS. Mas espero que não haja mais nenhum.


Um dos guardas diz:
- Está noite, e há celas no estábulo perto da taverna. Para contenção de animais de fora. Se quiser, peço ajuda a Firgas...


Nyx o encara em tom de censura e diz:
- E colocar os assassinos de sua família sob guarda dele? Não, muito obrigado pela idéia idiota. Elas ficam aqui. Tragam o ferreiro. Vou reforçar este cômodo. Esta casa carece de uma cela.


Um dos guardas amarrava a garota, enquanto o outro terminava de prender a velha, amarrando-a ao pé da cama.

Uriath diz:
- Eu fico. Nenhuma delas vai tentar nada comigo ou mato as duas. Afinal, mesmo depois de mortas há formas de interrogá-las.


O pensamento "casual" do rapaz era o bastante para enervar Talluryen num nível alarmante. E se questionar que espécie de culto era aquele com que o magistrado estava se envolvendo?
Precisava urgentemente trazer Nigel de volta. Havia MUITA coisa errada naquela vila para ser resolvida.

Talluryen não desgostava de Nyx, mas questionava-se sobre o tipo de pessoa com quem ele estava aliando-se.

- Isso foi realmente apavorante... Estou imaginando no momento um sala cheia de jarros com cérebros... - Talluryen fala para Nyx, claramente desconfortável.

Então ela olha para Uriath.

- Como isso é possível? Eu vi está senhora se desfazer em pedaços na minha frente.

Uriath sorri e responde:
- Nem todo corpo permanece coeso por muito tempo. A substância dentro da Jaula é feita pra liquefazer um corpo, uma tortura que leva seu prisioneiro aos limites da tolerância, e às bordas da loucura. Quando vai até o final, a pessoa é capaz de contar até seus maiores segredos, pelo simples fato de não querer NUNCA MAIS passar por isto.


O velho diz, sem se incomodar pelo comentário:
- Se ele tivesse escapado, levaria consigo todo seu conhecimento. E nunca mais o veríamos por aqui. Sua cúmplice foi presa, mas sua mente controlada pode suportar até o maior dos telepatas, simplesmente porque é IMPOSSÍVEL sondar o que não está lá. Eles são bonecos manipulados. São fantoches a tanto tempo que já não se arrependem mais das mortes que provocaram.


Nyx diz:
- Tenho que reportar á Guarda Real. Não posso deixar que as autoridades saibam disso por outros meios. Uriath, se puder ficar e guardá-la, eu lhe agradeço. Quanto ao senhor... bem, faça o que bem entender. Não estou em condições de impedi-lo.


Um dos guardas sussurra ao outro:
- Mas... então não era ela?
- Não!!
- Então quem...

Os dois olham para a mulher desacordada, agarrando-a pelos braços e levando-a para dentro do quarto, enquanto Nyx tira outra algema, prendendo a mulher a uma viga. Não parecia ferida, talvez um efeito mental provocado pelo velho.

Uriath coloca velha numa cama contra a parede, e com um gesto, pequenas linhas sombrias se expandem da sombra da cama, como uma extensão da mesma, envolvendo-a como cordas negras.

- Bom, tenho que ir também. Senhores... - Ela cumprimenta suavemente com a cabeça e sai logo atrás de Nyx. Quando se afastam do quarto ela fala:

- Eu tinha segurado o guarda, ele não ia escapar, um prisioneiro vivo é muito mais valioso. Além disso parecem não se importar nenhum pouco em torturar aquelas duas mulheres. Tudo bem que elas foram consumidas pelo mal, mas ainda assim... Não entendo, Sir Nyx, quem são estes homens? Por que deixa que façam estas coisas? É repugnante.

Talluryen esperava não estar sendo ofensiva com Nyx, porém o tom preocupado em sua voz era notável.

Nyx diz, sério:
-  Moça, existem forças duelando por Boven, fortes demais pra ser enfrentadas. Confiar nestes dois não confio, é claro. mas eu vou lhe mostrar uma coisa que talvez a faça entender. Se quiser me acompanhar numa pequena caminhada... até o cemitério.


Ele fala num tom sinistro. Mas talvez estivesse só brincando.

A última caminhada que Talluryen havia aceitado, acabou dando de cara com Fzoul Chembryl. O pensamento lhe causa um calafrio.

- Depois de tudo o que eu vi hoje, um passeio no cemitério parece até tranquilizante.

Ela se perguntava o que mais ainda havia para ver naquele vilarejo minúsculo mas cheio de problemas.

Deixando a casa dos nobres para trás, Nyx e Talluryen tomam uma trilha que segue pelo norte da vila, mas contornando-a completamente.

Quanto mais se afastavam da vila, mais seus passos mergulhavam na mais completa escuridão, não fossem algumas lanternas provisionalmente penduradas ao longo da trilha.

Nyx segue contando um pouco da história recente da vila, de como os Andarilhos do Destino a retomaram das mãos de um perverso lobisomem xamã, para depois ser atacada por uma ninhada de vampiros, o que resultou na morte da família mais importante do lugar, fazendo com que a população, temendo por sua vida, começasse a fugir.

Houve ainda um terrível ataque de drows, que convocaram um enorme demônio aranha no meio da vila, e se não fosse pela intervenção de um grupo de aasimares (Talluryen já os conheceu), tudo estaria perdido.

A vila luta pra se recuperar da má reputação, sua própria população refém do medo e da desesperança, que só perde para o medo de arriscar mudar de vida, e de casa.
Para protegê-los, Aelynn, uma clériga de Selûne, tomou como missão pessoal erguer um altar na vila, trazendo esperança e Luz para os necessitados. Mas mesmo ela tem sofrido constantes ataques, estando sempre protegida pelos Dragões Púrpura, o que fez Nyx abdicar da própria segurança pela falta de recursos na vila.

E chegando ao cemitério, um jazigo com um número impressionantemente grande de novas lápides, ele diz:
- E então encontramos ISTO aqui.




O estômago revira, era um marco de pedra em forma de obelisco, com pequenas runas incompreensíveis entalhadas, seu sulco preenchido por alguma substância que brilhava ao luar. Mas eram escritas finas e inacabadas. Algo impossível de ler ou compreender.

E mesmo que não emanasse aura alguma, a sensação de sua proximidade era incrivelmente incômoda.

Nyx termina:
- No começo pensamos ser apenas mais uma lápide, se destacando da outras, talvez velando alguém importante. Mas então nosso mago descobriu tratar-se de uma porta. Ou melhor, um portal para um lugar que... bem, você não vai querer saber. De qualquer modo, não conseguimos arranha-lo. E pra piorar, depois que foi acidentalmente pelo mago, estes cultistas começaram a aparecer. Normalmente são apenas observadores. Mas desde que este casal atacou a vila, primeiro se fazendo passar por aliados a procura de informações, para durante um ataque de vampiros, entrar na surdina e matar toda a família de lordes locais ENQUANTO dormiam, os cultistas tornaram-se mais ativos, protegendo a vila e seus arredores.
Eles mantém uma presença sinistra. Sempre em silêncio. O velho parece ser um tipo de professor, e conversam por telepatia. Portanto mesmo que converse com um deles, ele pode estar conversando com outros ao mesmo tempo. Nunca sabemos.
Uriath é o mais acessível. Quando aquela coisa de metal apareceu da primeira vez, foi ele quem resgatou o prisioneiro, bem, como você viu. Desmanchando o próprio corpo e se misturando à gosma. Mas nunca tinha visto ele fazer o que fez hoje. E você me deu a entender que a gosma seja, na verdade, uma coisa viva.

- Impressionante... Mais um portal... No local em que capturamos aquela prisioneira, havia um portal. Foi destruído e selado pelos aasimares. Mas ele não tinha nada assim... Parece algo diferente. Já saiu algo daí? E estes cultistas, seguem o que afinal? Por que o interesse deles nisso?

Boven lidava com assuntos muito maiores do que podia suportar.

Nyx: Nem imagino. Apesar de os tratarmos por "cultistas", parecem mais estudantes de um tipo muito particular de magia, vindo deste ser, este tal "Filho das Estrelas". Michael, nosso mago, falou algo como "uma mente coletiva". Por isto são telepatas, vivem numa espécie de conexão, e por alguma razão este marco é importante pra eles.


Ele olha um pouco sua cara de pasma e continua:
- É, você está entendendo por que as pessoas vêm à Boven, e por que algumas têm tanta dificuldade em sair daqui. A maioria nunca conheceu outra vida, outros são prisioneiros de suas crenças. Isto que nem falei ainda de Gondegal, um exilado da alta-nobreza de Cormyr. Oxys, o senhor destas terras, era primo de Gondegal. E os mais velhos ainda se julgam leais aos princípios do lorde exilado, mesmo que ele fosse um tirano louco pelo poder.

- Agora entendo o interesse dos zentharin nesse lugar.

Ela continua admirando mais um tempo a grande lápide.

- Esses estudiosos devem saber mais do que imaginamos sobre esse portal e por que ele surgiu aqui. Fique atento, Nyx...

Talluryen parecia ainda não confiar neles. Ela então dá um suspiro.

- Tive um longo dia, preciso ir...

Ele diz em tom cordial:
- Descanse, garota. Vou me encontrar com um Kelenvorita e logo volto à vila. Esta história de magistrado dá muito trabalho. Muitos livros pra cuidar e muitos registros a fazer.

Talluryen se despede e começa a retornar à taverna a passos rápidos. Ainda tinha muito a investigar naquele lugar até entender o que realmente acontecia. Mas naquele momento precisava encontrar Durlan e descansar.

Talluryen refaz o caminho para a taverna, percorrendo a mesma trilha pela qual viera com Nyx.
Tudo ao redor estava escuro, e um ar sinistro tomava conta da noite. Era como se as luzes ficassem mais fracas, e a escuridão da noite, mais densa.
Por duas vezes, Talluryen teve a impressão de ouvir passos na escuridão. E a sensação de ser observada só aumentava quanto mais seguia pela trilha.

Um vento frio corta a noite, arrepiando até o último dos seus pelos.

Talluryen apressa o passo buscando uma via mais iluminada, atenta ao redor. Havia encontrado muitas pessoas perigosas num mesmo dia. Tentando não ficar paranóica mas também não se descuidar, Talluryen apenas segue em frente rapidamente.

Os passos vinham apertando, e por um instante, Talluryen teve a impressão de ver duas figuras acompanhando seus passos no limiar da trilha, onde a luz das lanternas mal podia chegar.
Mais alguns passos, e as figuras estavam perigosamente próximas.

Talluryen virasse rapidamente na direção que sente as presenças sacando a espada e mentalizando a Labareda Protetora.

Se estava paranóica devido ao cansaço e as cenas horríveis que tinha visto? Talvez.

Vira-se de frente para a penumbra além das lanternas, vendo duas figuras encapuzadas se aproximando. Vinham devagar, como se estivessem num tipo de oração.

Talluryen para e fica olhando para os dois.

Parecem estar realmente vindo na minha direção ou só estão passando?

Os passos rompem a penumbra, trazendo-os ao caminho iluminado... fazendo-os sumir assim que pisam na trilha iluminada.
Talluryen se perguntava se a mente estaria lhe pregando uma peça, ou se tinha mesmo visto duas pessoas vindo em sua direção. 
A mão na espada tremia apertada.
Seria medo ou cansaço?
Um filete de suor nervoso escorre-lhe pelo rosto.
Este dia já durou tempo demais.

Talluryen respira fundo. Não era do seu feitio aquele nervosismo. Pensa consigo mesma que devia pegar leve, muitas vezes abraçava mais problemas do que podia.

Ela guarda a espada e volta a caminhar, rezando para que chegasse logo. Perguntava-se onde estaria Nigel, que não voltou com ela à cidade e ela sequer pode contar o episódio da prisioneira.

De volta à taverna, que se agitava. Dois bardos pareciam fazer uma competição de "exageros".
As pessoas choravam de tanto rir, e comida e bebida eram servidos à revelia.
O taverneiro, um senhor cansado, parecia sorrir de satisfação.

Off: Continue por ações rápidas. Vamos encerrar a noite.

Talluryen verifica se estava tudo bem com Durlan e o corpo de Nardin. Avisa Durlan que irão partir na manhã seguinte para Heaven Lake, afim de vender as coisas que conseguiram e comprar os componentes para trazer Nardin de volta.

Feito isso Talluryen vai finalmente descansar.

Durlan estava entretido numa mesa de conversa, e a apresenta a um velho senhor de maneiras distintas. David era seu nome, um velho membro dos Magos de Guerra, agora afastado das academias.

Durlan diz ainda ser o autor da algazarra. Apostou com cada bardo quem contasse a melhor "história", e quem ganhou foram os expectadores, pois a disputa parecia longe de acabar, enquanto o elfo pagava rodadas ao público, uma maneira de distrai-lo dos infortúnios e alegrar sua noite.

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Mas o pior acontece ao chegar ao quarto.
Estava vazio, e a janela estava aberta.
Alguém havia levado o corpo de Nardin.